domingo, 25 de outubro de 2020

Prefeito acusado de fraudar licitações e usar notas fiscais frias

 

Folha do Marajó                                                               Boa Vista, 25 de abril de 2000.

 

Prefeito acusado de fraudar licitações e usar notas fiscais frias

 

                            O Ministério Público do Estado entrou na Justiça com ação civil pública e pedido de indisponibilidade dos bens do prefeito de São Sebastião da Boa Vista, Benedito Odival Oliveira Gomes, do contabilista Edson Ronaldo Ribeiro Souza, do autônomo Sílvio Romério Araújo de Souza, do comerciante Ismar de Assis Ferreira de Araújo e dos representantes das empresas Serpras Representação, Comércio e Serviços Ltda, e E. A. Carvalho & Companhia, Paulo Rogério Areias de Souza e Maria de Fátima Guimarães Pereira e Enerdina Alves de Carvalho e Melquíades Soares Coelho, respectivamente. Eles são acusados de fraudar licitações e de utilizar notas fiscais frias para desviar verbas municipais.

                            Na ação, proposta pelo promotor de Justiça Franklin Lobato Prado, o Ministério Público requer a perda do cargo e a suspenção dos direitos políticos de 5 a 8 anos do prefeito, pagamento de multa no valor de até duas vezes o valor do dano causado ao município e a suspensão dos direitos políticos dos outros acusados e pagamento de multa, além da proibição de contratar ou receber benefícios e incentivos fiscais do poder público.

                            De acordo com a ação, os crimes cometidos pelos acusados representam um grande prejuízo não só ao município, bem como a toda a população, proporcionando a eles a aquisição de valores ilícitos. “São cifras consideráveis, significativas e preocupantes para um município pobre”, afirma Franklin Lobato Prado. Durante a apuração dos fatos ficou demonstrado que os acusados usaram vários artifícios para sangrar os cofres públicos.

                            Segundo Franklin Prado, o prefeito procurou Ismar Araújo alegando que havia comprado produtos em São Sebastião e não tinha como documentar as despesas, por isso precisava de algumas notas fiscais para incluir na prestação de contas, perante o TCM, pagando por cada 17% do valor da mercadoria, referente ao ICMS. Ismar procurou o irmão, Silvio Romério, que por sua vez procurou Edson Ronaldo propondo a fraude. Edson providenciou uma grande quantidade de notas fiscais que tinham como destinatária a Prefeitura.

                            O comerciante Antônio Ponte Aragão, dono da firma Distribuidora Ponte Aragão, que foi dada como vencedora de licitações para fornecimento de alimentos para a creche Cantinho do Amor, registrou queixa na Seccional Urbana da Cidade Nova denunciando que nunca participou dos certames. Na verdade, as notas fiscais frias foram tiradas da distribuidora pelo contador Edson Ronaldo, que confessou o furto durante inquérito policial, e disse que as vendeu a Silvio Araújo e seu irmão Ismar Araújo, que as revenderam para o prefeito. Ismar Araújo também confessou, com detalhes, como eram feitas por ele e pelo prefeito as licitações fraudulentas.     

                            Outra irregularidade praticada com uso de notas fiscais frias, conforme a ação, foi o fornecimento de mercadorias destinadas à manutenção da casa do Prefeito, Clínica Municipal, Pousada Boavistense, Secretaria de Ação Social e Educação, destacamento da Polícia Militar, Secretaria de Agricultura, Secretaria de Saúde, Secretaria de Assistência Social e Secretaria do Trabalho, todas pagas com dinheiro público.

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